sábado, 31 de janeiro de 2009
Testemunho
Parece que a coisa vai bem encaminhada. O presidente dos Estados Unidos, que não se chama Messias, mas Barack Obama, assinou ontem uma lei denominada de Equidade ou Igualdade Social. A “responsável” directa deste documento foi uma mulher, uma trabalhadora que, tendo descoberto que havia levado toda a vida a ganhar menos exactamente por ser mulher, apresentou queixa contra a empresa e ganhou o pleito. Como numa prova desportiva de estafetas, esta mulher branca, chamada Lilly Ledbetter, passou o testemunho ao corredor seguinte, um negro com nome muçulmano, 44º. presidente da nação norte-americana. De repente, o mundo parece-me mais limpo, mais prometedor. Por favor, não me roubem esta esperança.
José Saramago
Janeiro 29
Etiquetas:
Barack Obama,
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Lilly Ledbetter,
Política
sábado, 24 de janeiro de 2009
terça-feira, 20 de janeiro de 2009
Cântico Negro
"Vem por aqui" - dizem-me alguns com os olhos doces
Estendendo-me os braços, e seguros
De que seria bom que eu os ouvisse
Quando me dizem: "vem por aqui!"
Eu olho-os com olhos lassos,
(Há, nos olhos meus, ironias e cansaços)
E cruzo os braços,
E nunca vou por ali...
A minha glória é esta:
Criar desumanidade!
Não acompanhar ninguém.
- Que eu vivo com o mesmo sem-vontade
Com que rasguei o ventre à minha mãe
Não, não vou por aí! Só vou por onde
Me levam meus próprios passos...
Se ao que busco saber nenhum de vós responde
Por que me repetis: "vem por aqui!"?
Prefiro escorregar nos becos lamacentos,
Redemoinhar aos ventos,
Como farrapos, arrastar os pés sangrentos,
A ir por aí...
Se vim ao mundo, foi
Só para desflorar florestas virgens,
E desenhar meus próprios pés na areia inexplorada!
O mais que faço não vale nada.
Como, pois sereis vós
Que me dareis impulsos, ferramentas e coragem
Para eu derrubar os meus obstáculos?...
Corre, nas vossas veias, sangue velho dos avós,
E vós amais o que é fácil!
Eu amo o Longe e a Miragem,
Amo os abismos, as torrentes, os desertos...
Ide! Tendes estradas,
Tendes jardins, tendes canteiros,
Tendes pátria, tendes tectos,
E tendes regras, e tratados, e filósofos, e sábios...
Eu tenho a minha Loucura !
Levanto-a, como um facho, a arder na noite escura,
E sinto espuma, e sangue, e cânticos nos lábios...
Deus e o Diabo é que guiam, mais ninguém.
Todos tiveram pai, todos tiveram mãe;
Mas eu, que nunca principio nem acabo,
Nasci do amor que há entre Deus e o Diabo.
Ah, que ninguém me dê piedosas intenções!
Ninguém me peça definições!
Ninguém me diga: "vem por aqui"!
A minha vida é um vendaval que se soltou.
É uma onda que se alevantou.
É um átomo a mais que se animou...
Não sei por onde vou,
Não sei para onde vou
- Sei que não vou por aí!
José Régio
segunda-feira, 19 de janeiro de 2009
Há 25 anos deixou-nos
Entre muitas outras coisas...
Os putos
Uma bola de pano, num charco
Um sorriso traquina, um chuto
Na ladeira a correr, um arco
O céu no olhar, dum puto.
Uma fisga que atira a esperança
Um pardal de calções, astuto
E a força de ser criança
Contra a força dum chui, que é bruto.
Parecem bandos de pardais à solta
Os putos, os putos
São como índios, capitães da malta
Os putos, os putos
Mas quando a tarde cai
Vai-se a revolta
Sentam-se ao colo do pai
É a ternura que volta
E ouvem-no a falar do homem novo
São os putos deste povo
A aprenderem a ser homens.
As caricas brilhando na mão
A vontade que salta ao eixo
Um puto que diz que não
Se a porrada vier não deixo
Um berlinde abafado na escola
Um pião na algibeira sem cor
Um puto que pede esmola
Porque a fome lhe abafa a dor.
José Carlos Ary dos Santos
Os putos
Uma bola de pano, num charco
Um sorriso traquina, um chuto
Na ladeira a correr, um arco
O céu no olhar, dum puto.
Uma fisga que atira a esperança
Um pardal de calções, astuto
E a força de ser criança
Contra a força dum chui, que é bruto.
Parecem bandos de pardais à solta
Os putos, os putos
São como índios, capitães da malta
Os putos, os putos
Mas quando a tarde cai
Vai-se a revolta
Sentam-se ao colo do pai
É a ternura que volta
E ouvem-no a falar do homem novo
São os putos deste povo
A aprenderem a ser homens.
As caricas brilhando na mão
A vontade que salta ao eixo
Um puto que diz que não
Se a porrada vier não deixo
Um berlinde abafado na escola
Um pião na algibeira sem cor
Um puto que pede esmola
Porque a fome lhe abafa a dor.
José Carlos Ary dos Santos
quinta-feira, 15 de janeiro de 2009
Triste Record
Policarpo tem razão
Eu também acho que as mulheres católicas devem pensar duas vezes antes de casar. Seja com muçulmanos ou com os mui católicos e devotos portugueses de gema, barriguinha e bigode incluído, que, só no ano passado, mataram 43 das suas mulheres e fazem de Portugal o triste recordista de casos de violência doméstica na Europa.
Este não é português, mas está lá na imagem e no estilo. Ah claro é católico.
Independentemente das afirmações do Cardeal José Policarpo, penso que a questão central está aqui muito bem resumida pelo Pedro Sales.
terça-feira, 13 de janeiro de 2009
30 Anos
Os Xutos e pontapés fazem hoje 30 anos, o que a nível de conjunto é absolutamente extraordinário! Bem como toda a sua carreira, onde tentaram sempre não parar de "remar", como verdadeiros "Homens do leme"
segunda-feira, 12 de janeiro de 2009
Michey Rourke
E o regressado Michey Rourke a saber vencer, com um discurso digno, genuino, sentido e temperado com a tirada da noite, "quero agradecer a todos os meus cães". Foi a réstia de esperança.
Este post do meu irmão com o título "valeram os cães" é elucidativo do que se passou ontem...
O que é que não nos é dito enquanto estamos "alerta"?
" O frio veio relembrar aos portugueses que não estamos nas Caraíbas. Mas há aqui, digamos, uma questão cultural. Tem a ver com "o alerta". Desde que a Protecção Civil está debaixo de olho que não há mês sem um "alerta". Alerta amarelo, alerta laranja – ou porque chove, ou porque vem uma ventania, ou porque o calor é de ananazes, ou porque está frio. "Estar frio" é uma coisa mais ou menos habitual no Inverno, mas a Protecção Civil avisa – foi abertura dos telejornais – que as pessoas devem vestir mais do que uma peça de roupa. As televisões rejubilam: como não têm os vinte graus negativos da Finlândia, fazem festa com com a nevezinha do Marão e com os cortes de estradas. Em vez de nos sentarmos em casa, sossegados, a ler os clássicos, a ideia é estarmos em "alerta amarelo"."
domingo, 11 de janeiro de 2009
terça-feira, 6 de janeiro de 2009
segunda-feira, 5 de janeiro de 2009
domingo, 4 de janeiro de 2009
sábado, 3 de janeiro de 2009
sexta-feira, 2 de janeiro de 2009
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