sábado, 25 de outubro de 2008
A Bissexualidade de Haider
A propósito do coming out do sucessor de Haider, alguns pontos de princípio que convém afirmar: 1)Ter uma determinada orientação sexual – hetero ou homo – é independente da visão do mundo e das opções políticas. Para usarmos o caso português, há gays e lésbicas (e heteros) do PNR ao Bloco. 2) Outra coisa é ter um pensamento político sobre a sexualidade e as suas implicações ao nível dos direitos. Mas até aí se pode ter desde uma atitude liberal democrática básica até uma atitude de questionamento radical do patriarcado e do heterossexismo. 3) Relevante, sim, é como as pessoas vivem a homofobia. Rejeitam-na? Lutam contra ela? Aceitam-na? Interiorizam-na? Aí, e no que diz respeito aos gays e lésbicas – e porque são minoria e minoria menorizada – decidir ficar no armário ou fazer o coming out é fulcral. 4) Mas nem toda a gente pode fazer o coming out, pelo preço que podem ter que pagar. Nem sempre isso significa interiorização da homofobia ou complacência com ela. Relevante é quando se é político profissional ou se ocupa um cargo político. Nesse caso, ficar no armário pode, em alguns casos, ter a ver com opções individuais de recusa de partilha da vida “privada”; mas quando ficar no armário vai junto com tomar, activa ou passivamente, posições homofóbicas ou ficar calado perante injustiças, então estamos perante uma duplicidade ética inaceitável. 5) Recusar e combater a homofobia une-me muito mais a muitos heteros do que me une a orientação sexual a pessoas como Haider.
Estando de acordo com este post de Miguel Vale de Almeida e tendo em conta que ninguém se deve meter na vida pessoal de ninguém, como muito bem fizeram políticos e jornalistas austríacos que já há muito sabiam que Haider era bissexual, fico apenas sismado com o facto de estes políticos, que se traiem a si próprios defendendo constantemente a família no seu contexto mais cristão fazendo com isso que não haja igualdade entre os diferentes tipos de sexualidade (vejamos por cá os casamentos reprovados entre casais gay), não serem confrontados com a realidade... Se necessário for, a sua.
Já por cá impera a mesma hipócrisia. Toda a gente sabe o que está nas entrelinhas, mas temos que passar a vida a ouvir o mesmo papagaio da extrema direita católica a falar na família e a bater-se arduamente contra casamentos entre pessoas do mesmo sexo. Claro está: é solteiro.
Em relação a este caso penso que vale ainda a pena ler o post do meu irmão e colega de outros caminhos...
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